por Dennis de Oliveira Santos
Comte viveu na França durante o
século XIX, quando a burguesia ascendeu ao poder. E nesse contexto, ele tomou
partido da parcela mais conservadora dessa burguesia. Desse modo, sua proposta
é de uma filosofia e de reforma das ciências que tem como objetivo sustentar a
ideologia dessa classe social. Ele pretendeu ser o fundador de uma nova ciência
– a sociologia.
Ele desenvolve um novo espírito a
partir do século XIX em vários ramos do conhecimento, e que ele próprio
acreditava estar trazendo para o ultimo ramo do conhecimento – a sociologia;
visto como fruto de uma longa historia do desenvolvimento do pensamento. Tal
desenvolvimento expressaria uma lei necessária de transformação do espírito
humano, que é chamado por Comte de lei dos três estados, no qual o pensamento
humano passaria por três momentos ou formas do conhecimento.
O primeiro momento seria o
teológico, dirigindo as investigações para a natureza intima dos seres,
apresentando os fenômenos como produzidos pela ação direta e continua de
agentes sobrenaturais; os quais são utilizados para se explicar as aparentes
anomalias do universo. O segundo momento seria o estado metafísico, os agentes
sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, concebidas como capazes de
engendrar por elas próprias todos os fenômenos observados.
Por fim, o estado positivo, o qual
reconhece a impossibilidade de se obter noções absolutas. Graças ao uso
combinado do raciocínio e a observação, a explicação dos fatos são reduzidos a
termos reais, se resume na ligação estabelecida entre os diversos fenômenos
particulares e alguns fatos gerais, cujo numero o progresso da ciência tende
cada vez mais a diminuir.
A lei dos três estados expressa uma
concepção da historia, na qual se verifica uma filosofia e um espírito positivo
na noção de que este estado é decorrência de uma evolução histórica. Dessa
forma, a historia é vista como conjunto de fases imóveis em si mesmas, em que
cada estagio é superior ao anterior. A historia transforma-se num desenrolar,
guiada por dois princípios básicos: o principio da ordem (de uma transformação
ordenada e ordeira, sem transformações violentas e num fluir continuo) e do
progresso (uma transformação que leva a melhoramentos lineares e cumulativos).
Ao discutir o conhecimento no
estagio positivo, Comte erige o conhecimento que é cientifico como conhecimento
real, útil, preciso, positivo; o qual o homem deve buscar para interferir na
natureza em seu beneficio. E ele encontra esses fundamentos quando alega que o
conhecimento cientifico parte do real, dos fatos, apresentam-se ao homem tal
como são. Portanto, o conhecimento cientifico baseia-se na observação dos fatos
e nas relações entre fatos que são estabelecidos pelo raciocínio. O conhecimento
cientifico reflete o modo como as leis operam na natureza, além disso, esse
conhecimento é sempre certo, não se admitindo conjecturas. No entanto, Comte
também afirma que esse conhecimento pode ser relativo.
A noção de ordem remete a noção de
organização, e é nesse sentido que deve-se compreender o pensamento positivo;
este se opõe ao negativo (à critica) porque busca não destruir, mas organizar.
Além disso, a natureza é composta por classes de fenômenos ordenados de forma
imutável e inexorável e cabe apenas a ciência apreender e descrever essa ordem.
Comte também estabelece uma classificação das ciências que obedece ao grau de
simplicidade e generalidade do objeto a que cada ciência fundamental se refere.
Para Comte o desenvolvimento da
humanidade resume-se no desenvolvimento do espírito, do conhecimento e no
desenvolvimento das estruturas da sociedade, que se mantém fundamentalmente
inalteradas. Nesse ambiente, a sociologia caracteriza-se pela preocupação em
descobrir as leis que governam a sociedade, e não pela preocupação com a sua
transformação. Qualquer insubordinação ao poder corrompe uma ordem
pré-estabelecida.
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