terça-feira, 2 de abril de 2013

A Sociologia de Augusto Comte



por Dennis de Oliveira Santos

            Comte viveu na França durante o século XIX, quando a burguesia ascendeu ao poder. E nesse contexto, ele tomou partido da parcela mais conservadora dessa burguesia. Desse modo, sua proposta é de uma filosofia e de reforma das ciências que tem como objetivo sustentar a ideologia dessa classe social. Ele pretendeu ser o fundador de uma nova ciência – a sociologia.
            Ele desenvolve um novo espírito a partir do século XIX em vários ramos do conhecimento, e que ele próprio acreditava estar trazendo para o ultimo ramo do conhecimento – a sociologia; visto como fruto de uma longa historia do desenvolvimento do pensamento. Tal desenvolvimento expressaria uma lei necessária de transformação do espírito humano, que é chamado por Comte de lei dos três estados, no qual o pensamento humano passaria por três momentos ou formas do conhecimento.
            O primeiro momento seria o teológico, dirigindo as investigações para a natureza intima dos seres, apresentando os fenômenos como produzidos pela ação direta e continua de agentes sobrenaturais; os quais são utilizados para se explicar as aparentes anomalias do universo. O segundo momento seria o estado metafísico, os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, concebidas como capazes de engendrar por elas próprias todos os fenômenos observados.
            Por fim, o estado positivo, o qual reconhece a impossibilidade de se obter noções absolutas. Graças ao uso combinado do raciocínio e a observação, a explicação dos fatos são reduzidos a termos reais, se resume na ligação estabelecida entre os diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerais, cujo numero o progresso da ciência tende cada vez mais a diminuir.
            A lei dos três estados expressa uma concepção da historia, na qual se verifica uma filosofia e um espírito positivo na noção de que este estado é decorrência de uma evolução histórica. Dessa forma, a historia é vista como conjunto de fases imóveis em si mesmas, em que cada estagio é superior ao anterior. A historia transforma-se num desenrolar, guiada por dois princípios básicos: o principio da ordem (de uma transformação ordenada e ordeira, sem transformações violentas e num fluir continuo) e do progresso (uma transformação que leva a melhoramentos lineares e cumulativos).
            Ao discutir o conhecimento no estagio positivo, Comte erige o conhecimento que é cientifico como conhecimento real, útil, preciso, positivo; o qual o homem deve buscar para interferir na natureza em seu beneficio. E ele encontra esses fundamentos quando alega que o conhecimento cientifico parte do real, dos fatos, apresentam-se ao homem tal como são. Portanto, o conhecimento cientifico baseia-se na observação dos fatos e nas relações entre fatos que são estabelecidos pelo raciocínio. O conhecimento cientifico reflete o modo como as leis operam na natureza, além disso, esse conhecimento é sempre certo, não se admitindo conjecturas. No entanto, Comte também afirma que esse conhecimento pode ser relativo.
            A noção de ordem remete a noção de organização, e é nesse sentido que deve-se compreender o pensamento positivo; este se opõe ao negativo (à critica) porque busca não destruir, mas organizar. Além disso, a natureza é composta por classes de fenômenos ordenados de forma imutável e inexorável e cabe apenas a ciência apreender e descrever essa ordem. Comte também estabelece uma classificação das ciências que obedece ao grau de simplicidade e generalidade do objeto a que cada ciência fundamental se refere.
            Para Comte o desenvolvimento da humanidade resume-se no desenvolvimento do espírito, do conhecimento e no desenvolvimento das estruturas da sociedade, que se mantém fundamentalmente inalteradas. Nesse ambiente, a sociologia caracteriza-se pela preocupação em descobrir as leis que governam a sociedade, e não pela preocupação com a sua transformação. Qualquer insubordinação ao poder corrompe uma ordem pré-estabelecida.


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