terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Este Mundo da Injustiça Globalizada: análise sociológica da obra


Este Mundo da Injustiça Globalizada: análise sociológica da obra

por Dennis de Oliveira Santos




         O texto (o qual foi lido no Fórum Social de 2002) critica o atual modelo democrático de governo por este não ser vivenciado de forma prática pela opinião pública. A democracia seria hoje apenas uma experiência formal, presente nos códigos de leis, nas constituições e não na realidade concreta da sociedade.

            Através de uma pequena história de um camponês, José Saramago ilustra o quanto a justiça se encontra fragilizada diante dos interesses comerciais. O discurso descreve que o poder de escolha político do povo se perde no processo de globalização, o qual está atrelado a influência econômica das multinacionais. Elas manipulam os elementos da participação democrática nos sistemas políticos para atender seus interesses privados enquanto as necessidades coletivas são colocadas em segundo plano nas pautas das casas de poder.   

            O autor exorta que a justiça deve minimizar suas características burocráticas e ser acessível a todas as pessoas da sociedade. E que o povo deve se organizar para impedir o avanço do poder das multinacionais sobre a coisa pública.  O poder do capital é quem governa o mundo globalizado, tornando a democracia (a qual surgiu na Grécia Antiga) demagógica e fictícia. Cabe ao povo reconstruir o real valor dessa forma de organização política.

            Há no texto ideias que podem ser vinculadas a perspectiva marxista sobre a relação entre Estado e sociedade. Pois o autor de O Capital também compreende a democracia no sistema capitalista de produção falha em atender aos interesses da sociedade, principalmente os mais humildes. Na concepção de Karl Marx o aparato estatal representa a imposição da dominação de classe burguesa sobre os proletários.

            O sistema capitalista espelha o conflito da luta de classes, na qual a exploração econômica do grupo dominante se estende para o campo político. Um processo que torna o Estado um “comitê” da burguesia, instrumento que privilegia os mais abastardos, mesmo que formalmente esta instituição se apresente neutra, igualitária, isonômica.
             
           

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